terça-feira, 29 de julho de 2008

#44 - Entrevista: o homem das trilhas


O paulistano Américo Sucena viveu grande parte de seus anos entre os cálculos da complexa engenharia e seu amor pela música. Atualmente, aposentado, não só dedica-se ao radialismo, como dá palestras e o mais interessante: é detentor de uma das mais admiráveis coleções de trilhas-sonoras de cinema no país, se não no mundo.

Agora teremos a oportunidade de ler um pouco de sua experiência nesta pequena entrevista, que ele gentilmente cedeu ao blog.

G.B. - A música certamente faz parte do cotidiano de todos nós, desde que nascemos. Ainda assim, poderia nos contar se houve algum momento específico a partir do qual deu-se conta de que ela era parte essencial de sua vida?
A.S. - Sempre tive uma relação forte com música ainda criança. A música orquestral sempre me encantou. Mas a música de cinema uniu a música clássica aos temas mais populares. Depois que os grandes compositores clássicos desapareceram o cinema os trouxe de volta.

G.B. - De onde surgiu esse gosto tão especial pelas trilhas sonoras?
A.S. - Quando eu tinha 9 anos, meu pai desencarnou e algum tempo depois ouvi o tema que Max Steiner compôs para “E o Vento Levou...” (post #41). Eu estava acompanhado de minha mãe que chorava muito ao ouvir aquela música. O “Tema de Tara” é muito bonito e tristonho, e eu soube que meu pai o assobiava quando eles acabaram de assistir ao filme. Aquele tema eu nunca mais esqueci. Muito tempo depois eu soube por minha mãe que meu pai saia dos cinemas e assobiava os temas que gostava. Ele prestava atenção na música enquanto assistia ao filme. Eu faço isso também. Ele me influenciou sem que eu soubesse ou sabia? Não sei. Só sei que gosto também de música de cinema.

G.B. - Sua coleção já chega aos espantosos 1600 CDs, todos originais. Como surgiu a vontade de formá-la?
A.S. - Eu já tinha uma coleção razoável quando, em 1998, sugeri à Rádio Boa Nova que seria interessante fazer um programa de música de cinema. Eles toparam e em 1999 começamos o “Cinemagia”, que está no ar até hoje. De lá para cá achei que poderia compartilhar com as pessoas os CDs que tenho. Então passei a me interessar também pelas (boas) trilhas que surgem a cada novo filme para manter o programa atualizado.

G.B. - Qual foi a primeira trilha que adquiriu?
A.S. - A primeira trilha tem uma história interessante. Sai de casa nas férias de 1983 para comprar um vídeo-cassete para minha família (na época composta por esposa e duas filhas). Quando entrei na loja (Bruno Blois da R. 24 de Maio) não havia nenhum modelo disponível. Já estava de saída quando ouvi pela fresta de uma sala envidraçada para uso dos aficionados por música clássica um tema esquisito com um som sem chiados. De repente o andamento se altera e entra o conhecido tema de “Guerra nas Estrelas” de John Williams. Um som com uma pureza que eu nunca tinha ouvido. Foi o suficiente para eu sair da loja com um tocador de CD mais o disco que naquela época acompanhava o aparelho e, é claro, com o CD do filme “O Retorno do Jedi”. Cheguei em casa e perguntei: “adivinha o que eu comprei!”. Depois da bronca, tive que voltar a uma outra loja e comprar um Vídeo Cassete. Mas “O Retorno do Jedi” foi o meu primeiro CD de filme.

G.B. - Existe algum parâmetro que uma trilha deve ter para fazer parte de sua coleção, ou sai logo comprando de tudo?
A.S. - Hoje, busco comprar trilhas que tenham um tema (pelo menos um) que me agrade, mas também, na condição de colecionador, compro trilhas indicadas a Oscar de Melhor Filme, Melhor Trilha e Melhor Canção.

G.B. - Dentre tantas, alguma trilha tem um significado especial?
A.S. - A Trilha de ET (post #2) me emociona até hoje sempre que vejo o filme. Não há como não gostar. Tenho também uma trilha rara e bonita de um filme ainda mudo: “Ben-Hur” de 1925, do compositor Carl Davis
(http://www.youtube.com/watch?v=zs_2eR7pU5w).

G.B. - Existe alguma obra que sempre quis ter, mas nunca conseguiu encontrar?
A.S. - Algumas trilhas faltam em minha coleção. Uma delas é a do filme “55 Dias em Pequim”
(http://www.youtube.com/watch?v=xvFf5tn1j1o), outra do “Se Meu Apartamento Falasse”. Eu tenho os temas principais dos dois filmes, mas quero ter a trilha toda. Mas não são só essas duas que me faltam, há outras fora de catálogo ou ainda não editadas.

G.B. - Qual é seu compositor favorito?
A.S. - Meu compositor favorito é John Williams. O estilo vibrante e altamente melódico me encantam. Uma trilha que é melódica do começo ao fim é a do filme Sabrina de 1995. Indispensável numa coleção de trilha sonoras. É um dos compositores que mais ‘amarrou’ o tema ao filme. Senão vejamos: Tubarão, Caçadores da Arca Perdida, Guerra nas Estrelas, Contatos Imediatos de Terceiro Grau, ET – O Extraterrestre, Superman, A Lista de Schindler, e outros mais.

G.B. - Acha que existe algum caminho que seja mais recomendável a quem esteja iniciando-se na apreciação de trilhas sonoras?
A.S. - Trilhas sonoras devem chamar atenção pela boa melodia. É o belo atendendo ao prazer de ouvir algo que nos faça bem. É o belo unido ao que é bom. Ela deve nos transportar sem sairmos do lugar.

G.B. - Já li e ouvi muitos intelectuais (ou pseudo) discutindo a arte sob parâmetros do "Belo", ou da "Beleza". Segundo o que disse sobre o "belo unido ao que é bom", dá-nos a idéia de que a arte (a forma de expressão mais espiritual do ser humano) pode ter seu valor atrelado a um novo e importante aspecto. O que vem a ser este "bom" a que se refere?
A.S. - Sabemos que estamos envoltos por vibrações eletromagnéticas. Tudo vibra e exala suas vibrações na natureza. O cientista japonês Massaro Emoto em seu livro “A Mensagem da Água” nos revela a formação de cristais de gelo, com água de diversas procedências. A influência da boa música é notável para a harmonização dos cristais que se formam. É possível ver o que acontece com a água, antes e depois da harmonização. Como o nosso corpo é composto de 75% de água, somos diretamente harmonizados ou não pela música. Isso para citar apenas uma forma de influência que já é conhecida. É viver e aguardar novas descobertas.

Para aqueles que desejam mergulhar neste fascinante universo da música para cinema, um bom começo é sintonizar Américo Sucena no Cinemagia, quadro diário exibido pela Rádio Boa-Nova (1450 AM), sempre às 12:55 horas. E quase todo o acervo do Cinemagia pode ser facilmente acessado no site www.radioboanova.com.br. Basta clicar em “Rádio Gravado”, escolher um dia e clicar em Cinemagia às 12:55, e deleitar-se com todos os maravilhosos temas apresentados nos últimos anos.

Bom proveito!

#43 - Podem os mestres ter ídolos?

Era verão de 1812. Na estância termal alemã de Toeplitz, dois homens caminhavam de braços dados, muito juntos. Mas assim estavam não pela privacidade da conversa, já que um deles repetia seus assuntos quase sempre em alto e bom som ao ouvido de seu amigo. Falavam animadamente sobre música, poesia, e dividiam seus felizes ideais de revolução, liberdade e igualdade.

Em dado momento, um pequeno comboio de nobres cruza-lhes o caminho. Imediatamente, Goethe solta seu braço do amigo e abre para os ilustres um espaço quase tão grande quanto sua reverência e sorriso. Beethoven olha aquilo com espanto, e sua amizade com Goethe, que mal havia começado, já parte para um inevitável afastamento apático.

Beethoven era leitor das obras de Goethe (mais conhecido por “Fausto”) desde sempre, e diariamente devorava toda a criação do escritor. Sua admiração exacerbada possivelmente devia ter uma razão além do valor literário próprio. O fato é que Goethe costumava dizer abertamente, e com freqüência, que a música era o que movia seu amor pelas palavras, que a música era sua inspiração e a forma de arte perfeita para dar a seus escritos um valor completo e verdadeiro.

Na ocasião do encontro de Beethoven com seu ídolo, o compositor já havia finalizado a música que lhe fora encomendada para uma nova encenação de uma antiga peça de Goethe, chamada “Egmont”. Ser convocado para musicar uma peça de Goethe (ainda mais algo que tratava da luta pela liberdade contra o “invasor”) deixou Beethoven nas nuvens, e o resultado é que a abertura de “Egmont” é executada até os tempos atuais em concertos pelo mundo todo.

Não se sabe o quanto esse período e seus acontecimentos influenciaram o mestre na criação de sua Sétima Sinfonia (composta no ano de seu encontro com Goethe), mas o Segundo Movimento desta – uma das obras mais enigmáticas e perturbadoras do mestre – parece carregar um pequeno fardo da abertura de "Egmont".

-Beethoven – “Abertura de Egmont”:
http://www.youtube.com/watch?v=M1yxWXHLWcY

-Beethoven – “7ª Sinfonia, 2º Movimento” (não pergunte quem é a mulher do vídeo... foi a melhor versão que encontrei):
http://www.youtube.com/watch?v=5V5k0Plh-jY

Bom proveito!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

#42 - Nem sempre há chocolates nas caixas de chocolates


Uma pena branca flutua livre, levada ao sabor da brisa. Um suposto acaso a faz pousar graciosamente nos pés de um aprumado rapaz, sentado no ponto de ônibus. Ele a recolhe e guarda dentro de um livro. Passa, em seguida, a contar sua história para a pessoa que está ao lado.

Assim começa uma das mais singelas e grandiosas obras que o cinema já trouxe ao mundo: a história de Forrest Gump, um americano que, apesar de ter um QI baixíssimo e ser considerado retardado, traz em sua bagagem de vida uma coleção inimaginável de conquistas e aventuras.

O compositor Alan Silvestri - muito conhecido pelo tema de "De Volta Para o Futuro" – (http://www.youtube.com/watch?v=5Lh0fi6KmaA), criou para o personagem Forrest um tema que não indica a ostentação de seus êxitos, ou a perseverança que o levaram a suas vitórias. Estranhamente, o tema musical ligado a ele é simples e inocente. Simples e inocente como a própria alma de Forrest.

Outra música notável da trilha de Silvestri é aquela que envolve o amor de Forrest por Jenny (aos 2:16 no link), amor este que permeia toda a sua vida, e que permanece imutável apesar das constantes diabruras da garota.

O link contém ambas as músicas citadas (em ordem respectiva) e algumas mais:

-"Alan Silvestri - Forrest Gump" (Medley):
http://www.youtube.com/watch?v=FcOt6mfjxeA&feature=related

Bom proveito!

#41 - Não quer entrar para tomar uma xícara de café?


Creio que todos nós perguntamos um dia, ao assistir um desses filmes espetaculares, como há neles músicas tão interessantes, e o principal: como essas músicas se encaixam com tamanha sincronia e perfeição às cenas?

Pode parecer que a trilha sonora para filmes foi algo criado para ser assim, desde sempre, mas não foi. Embora seja verdade que a música tenha feito parte dos filmes antes mesmo da voz humana, ela era (nos seus primórdios) apenas um recurso para realçar situações e emoções primárias. Por exemplo: havia um tema padrão para salientar a chegada do vilão, para fazer rir, para reforçar tristeza, assim por diante.

Qualquer um que conheça um pouco a vida de Max Steiner (1888-1971), sabe que não é exagero algum dizer que ele foi o pai da trilha sonora, em todos os seus melhores aspectos que temos hoje e que tivemos ao longo de tantas décadas.

Steiner foi um gênio da música que não mediu esforços para romper todos os limites vigentes no processo musical cinematográfico. Contratado como chefe do departamento musical do estúdio RKO em 1929, teve ferrenhas brigas com Deus e o mundo para que a trilha sonora ganhasse espaço de legítima contribuição artística nos filmes. Aos poucos suas batalhas foram sendo vencidas, devido é claro à sua sublime criatividade.

Logo, Steiner compôs uma trilha que revolucionou a música para cinema e estabeleceu todos os seus melhores padrões: a primeira versão de King Kong (1931). Esta trilha surpreendeu o meio cinematográfico, pois aparentemente ninguém havia pensado que a música poderia aglutinar-se tão bem às cenas e dar-lhes uma profundidade emocional tão grande, além, é claro, de sincronizar-se à ação das imagens.

Eis aqui uma das cenas mais antológicas da história. Reparem o poder que a música de Max Steiner lhe imprime. Ela faz parte do filme “E o Vento Levou” e praticamente resume qual o papel mais rico da música para cinema, dando substância sobrenatural ao clímax da personagem após uma dramática trajetória de dificuldades:
http://www.youtube.com/watch?v=rgjHuOnwhFA

E o Vento Levou - Tema de Tara:
http://www.youtube.com/watch?v=1KBT4BYjr1I

Seleção de temas de Max Steiner:
http://www.youtube.com/watch?v=03jiCoXaU5Y

Bom proveito!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

#40 - They sure do brazilian music!


Em 1996 foi lançado um álbum especialmente notável, de uma banda brasileira, que canta em inglês e faz sucesso no Japão.

É muito interessante perceber que logo o Angra (para quem muitos torcem o nariz pela opção das letras em inglês) foi um dos grupos de rock que conseguiu englobar elementos de música brasileira em sua sonoridade de um modo objetivo, mantendo tanto a consistência do elemento novo quanto do rock, sem pretensões de mistura que costumam fazer com que alguns rockeiros nada pareçam mais que baiões com guitarra.

Isto ocorreu com o Angra no álbum em questão, chamado “Holy Land”, em que todas as músicas relacionam-se a contar sobre o descobrimento do Brasil, tanto pelo lado europeu quanto pelo lado indígena.

A beleza do disco foi crucial para gravar o Angra como representante absoluto do metal brasileiro, e para botá-los como estrelas de primeira grandeza no já mencionado Japão, atrás apenas de grupos como Guns’ Roses ou U2.

A banda é paulistana, formou-se em 1991 pelo empresário Toninho Pirani, e após drásticas mudanças de formação está atualmente parada. Aí vão algumas de minhas favoritas:

- “Angra – Deep Blue” (album Holy Land):
http://www.youtube.com/watch?v=g051RL2AH6U

- “Angra – Carolina IV” (album Holy Land):
http://www.youtube.com/watch?v=9XCtqvrO_Nk&feature=related

- “Angra – Metal Icarus” (album Fireworks):
http://www.youtube.com/watch?v=lAhEyuA7Smc

Bom proveito!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

#39 - A menina de cabeça fértil


Corria o ano de 1984. Na capital canadense Ottawa, a apreciada cantora folk Lindsay Morgan havia recebido a intrigante visita de uma garotinha de 10 anos, que tencionava vender a ela uma canção de sua autoria. O momento que seria então de inocência e encanto mostrou-se um pouco mais sério, quando de fato Lindsay constatou que a pequena havia criado algo deveras valioso. A música então chamada “Fate Stay With Me” foi comprada por ela, que resolveu também ajudar a menina a buscar uma trajetória nas artes.

Para tanto, fez com que ela gravasse sua canção como um single e o lançasse numa edição limitada por um selo desconhecido. Trabalho feito, embora de proporções mirradas, o single chamou a atenção da MCA, que alguns anos depois assinou contrato com a talentosa garotinha.

Alanis Morissette lançou, então, em 1991, seu primeiro disco oficial, aos 17 anos de idade. O trabalho buscava explorar o carisma dela em faixas pop-dance, e a empreitada teve grande sucesso nas paradas. Buscando dar continuidade aos dividendos, veio o segundo disco, também dançante, mas a explosão anterior já dava sinais de desvanecimento.

Alanis viu-se numa crescente maré de desânimo quanto a seu trabalho. Por um período, a partir de 93, morou sozinha e botou-se numa busca incessante por músicos com quem pudesse trabalhar ou que a ajudassem a encontrar uma forma de expressão que lhe desse mais satisfação. Conhecer então o produtor Glen Ballard pôs fim à busca da moça. Encorajando ferozmente Alanis a expressar suas emoções Glen foi aos poucos ajudando-a a compor o que seria um dos álbuns de rock pop mais vendidos da época: o “Jagged Little Pill”, em que quase cada uma das faixas virou hit.

A partir de então, o estilo musical de Alanis Morissette fixou-se numa crueza maior pelo lado instrumental, e numa linha melódica especialmente dramática. Aí vai uma das minhas favoritas:

-“Alanis Morissette – Joining You”
http://www.youtube.com/watch?v=dKVfo9SnH2E&feature=related

Bom proveito!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

#38 - Requiem para uma Bruxa Doida


Difícil crer que algo assim foi feito em 1939, sem qualquer tecnologia computadorizada. Apenas com talento e criatividade, esta sequência do clássico "O Mágico de Oz" não é apenas uma referência no gênero musical, como também um exemplo de número musical em substituição a uma extensa narrativa. Pura aula de fantasia. Deleitem-se com a maravilhosa Judy Garland (Dorothy) e o povinho pequeno, com canção de Harold Arlen (letra) e Herbert Stothart (música) feita para a cena em que a menina pousa na Terra de Oz matando, sem querer, uma temida bruxa:

“Ding Dong! The Witch Is Dead” (ponham essa janela diminuída ao lado e divirtam-se acompanhando a tradução):
http://www.youtube.com/watch?v=XOEq-ImGWJ0

(Glinda)
Saiam, saiam de onde quer que estejam
E conheçam a jovem dama que caiu de uma estrela
Ela caiu do céu, caiu de muito longe
E “Kansas” ela diz ser o nome da estrela.
(Munchkins)
“Kansas” ela diz ser o nome da estrela.
(Glinda)
Ela traz boas notícias, vocês não ouviram? Quando caiu de Kansas um milagre ocorreu!
(Dorothy)
Na verdade não foi milagre
O que houve foi só isto:
O vento começou a mudar, e a casa a balançar! E de repente as dobradiças começaram a soltar
E então a bruxa, para satisfazer seu desejo
Veio voando em sua vassoura desastrando-se num tombo
(Munchkin homem)
E oh!, o que aconteceu então foi ótimo!
(Munchkins)
A casa começou a balançar, e a cozinha abriu uma fenda
Ela pousou sobre a bruxa doida bem no meio de uma vala
O que não foi uma situação saudável para a bruxa doida.
A casa começou a balançar, e a cozinha abriu uma fenda
Ela pousou sobre a bruxa doida bem no meio de uma vala
O que não foi uma situação saudável para a bruxa doida
Que começou a estrebuchar, e reduziu-se a um mero trapo
Do que antes havia sido uma bruxa doida.
(Munchkin 1)
Nós te agradecemos docemente, por fazer isso tão habilmente
(Munchkin 2)
Você a matou tão completamente
Que nós agradecemos docemente
(Glinda)
Deixemos as adoráveis notícias se espalharem
A bruxa velha e doida finalmente morreu!
(Munchkins)
Ding-dong! A bruxa morreu!
Que velha bruxa? A bruxa doida!
Ding-dong! A bruxa doida morreu!Acordem, seus dorminhocos!
Esfreguem os olhos e saiam da cama!
Acordem! A bruxa doida morreu!
Ela se foi para onde os gnomos vão
Pra baixo! Pra baixo! Pra baixo!
Yo-ho! Vamos nos soltar e cantar e tocar os sinos!
Ding-dong! O feliz canta alto! Canta baixo
Deixem todos saberem! A bruxa doida morreu!
(Prefeito)
Como prefeito da cidade Munchkin
No condado da Terra de Oz
Eu dou-lhe boas-vindas muito majestosamente!
(Juíz)
Mas nós temos de verificar isto legalmente
Pra ver…
(Prefeito)
Pra ver…?
(Juíz)
Se ela…
(Prefeito)
Se ela…?
(Juíz)
Está moralmente, eticamente…
(Munchkin 1)
Espiritualmente, fisicamente…
(Munchkin 2)
Positivamente, absolutamente…
(Munchkin homem)
Inegavelmente e confiavelmente… morta!
(Legista)
Como legista afirmo que a examinei completamente
E ela não está meramente morta
Mas sim muito sinceramente morta!
(Prefeito)
Então este é um dia de independência
Para todos os munchkins e seus descendentes
Deixemos as boas notícias se espalharem
A bruxa velha e doida morreu!

-(E não se pode falar em O Mágico de Oz sem adicionar esta canção):
http://www.youtube.com/watch?v=10w_sEcHlGs&feature=related

Bom proveito!

#37 - Requiem para um Vivo


Era março de 1791. Wolfgang Amadeus Mozart estava em sua casa em Viena, sofrendo estranha obsessão pela morte, após o falecimento de seu pai, quando um estranho bate à sua porta.

Recusando-se veementemente a se identificar, o estranho encomenda de Mozart um Réquiem (obra musical de homenagem aos mortos), e dá-lhe um vultoso adiantamento, avisando que voltaria em um mês.

O que pareceria então apenas mais um trabalho transformou-se num transtorno insano. Mozart, com a saúde debilitada, deprimido e afeito a idéias sobrenaturais passou a acreditar que a encomenda misteriosa daquele anônimo era um aviso do Destino. Um aviso de que aquele Réquiem era o anúncio de seu próprio funeral.

Mozart faleceu antes de concluir a obra, e embora haja especulações, a identidade do responsável pela encomenda permanece em relativo mistério. A versão mais aceita é a de que o homem era um enviado do conde Franz Walsseg, cuja esposa havia morrido. Ao que dizem, Franz pretendia que a obra fosse tocada em homenagem à esposa e afirmar-se autor dela perante os presentes, coisa que já havia feito antes.

Embora possa-se ouvir o Réquiem de Mozart inteiro, o mestre apenas pôde concluir uma parte dela. Coube a seu discípulo Franz Xaver Süssmayer a tarefa de tomar as partes e anotações de Mozart e finalizar aquela que seria uma das obras-primas da música clássica.

A parte que ouviremos chama-se “Domine Jesu Christe”, uma das mais vigorosas e extraordinárias de todo o Réquiem. Reparem a incrível perfeição com que as vozes e frases do coral se entrelaçam numa mistura que chega a parecer um caos harmonizado.

-“Wolfgang Amadeus Mozart – Réquiem em Ré Menor (Domine Jesu Christe)”
http://www.youtube.com/watch?v=xO3nT5cvaOo

- (este vídeo contém alguns problemas, mas condiz melhor com a força da música):
http://www.youtube.com/watch?v=xrkRX1UEZcg

Bom proveito!