Mostrando postagens com marcador Orquestral/erudita. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Orquestral/erudita. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 12 de maio de 2009

#70 - O Rei das Galhofas


Ironia do destino, ou não, a descoberta da música na vida do compositor alemão Jacques Offenbach, considerado um dos maiores mestres da comédia musical, deu-se de forma bastante cômica, como não poderia deixar de ser.

Seu pai era violinista, mas em 1826, aos sete anos de idade, Offenbach deparou-se com um violoncelo. Ficou estupefato com aquilo, dizendo que aquele era o maior violino que ele já vira na vida. Após esgotar a mente na busca de uma resposta para o porquê de um violino precisar daquele tamanho todo, passou a uma busca infrutífera por encontrar um modo de posicioná-lo ao ombro. Não encontrando solução possível, deitou o instrumento ao chão e passou a experimentar o som das cordas ali mesmo. Imediatamente, a sonoridade abrangente, muito similar à voz humana, fez o menino tomar uma decisão.

Em pouco tempo, o pequeno Offenbach demonstrou extremo talento para música, e já aos doze anos era considerado um virtuose no violoncelo. Passou alguns anos tentando ganhar a vida sozinho, como violoncelista, e chegou a estudar composição num conceituado conservatório. Mas apenas um ano bastou para que ele não suportasse as regras rígidas do local, e fugisse de lá para abrigar-se naquele que seria o portal para o universo que o tornaria mundialmente famoso: a ópera cômica.

As operetas eram óperas bem mais curtas e estritamente voltadas à comédia. O público que as freqüentava constituía-se das classes mais pobres, que se deleitava com a absurdidade das situações, as canções simples e as críticas ao modo de vida dos ricos. Jacques Offenbach rapidamente criou e compôs suas próprias operetas, e estas levaram abaixo, repetidas vezes, uma platéia cada vez maior e mais fiel ao músico.

A seguir, sua composição mais famosa, “Can Can”, largamente utilizada até os dias atuais em vários filmes, desenhos etc..

- Jacques Offenbach – “Can Can”:
http://www.youtube.com/watch?v=swmR_cPrHvY

- Jacques Offenbach – “Chanson Militaire”:
http://www.youtube.com/watch?v=M9ZPKEF2k0M

- Jacques Offenbach – “Barcarolle”:
http://www.youtube.com/watch?v=fepL7ez06ew

Bom proveito!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

#64 - Gênio e Louco (Redundância?)


Frequentemente, quando nos propomos a observar a vida dos grandes gênios musicais dos tempos passados, nos deparamos com descrições bastante intensas sobre comportamentos excêntricos, bizarros... o que nos faz concluir (em nosso costume de generalismo) que os compositores clássicos eram todos um bando de malucos.

Ainda assim, estes grandes mestres conseguiam fechar trajetórias razoáveis, de uma forma ou de outra. O que dizer então se nos deparássemos com um desses marcos da música que fosse oficialmente vestido em camisa-de-força? Bem, diríamos, esse deve ter realmente passado dos limites! (limites bem generosos quando o assusto é o espírito artístico, convenhamos).

Robert Alexander Schumann, pianista e um dos compositores alemães mais venerados da história, teve uma vida de grandes azares. Ainda assim, para compensar, as forças do destino lhe concederam a bênção de não ser solitário – característica comum de seus colegas. Em 1830, contando vinte anos de idade, juntou-se ao professor de piano Friedrich Wieck. Ao deparar-se com o talento de Schumann, Wieck escreveu a um parente do rapaz dizendo: “em três anos posso torná-lo o melhor pianista de toda a Europa”. E Schumann, ao deparar-se com a filha de Wieck, Clara, apaixonou-se imediatamente.

Clara tinha nove anos de idade, e demonstrava extremo talento ao piano. Wieck desejava transformar Schumann em um solista. Schumann desejava ser compositor. A vontade de Schumann prevalesceu não por rebeldia, mas pela ironia do destino: o rapaz, por si mesmo, treinou tanto e tão pesado que arruinou um dos dedos.

Quando Clara completou 16 anos, Schumann finalmente conseguiu realizar seu sonho de casar-se com ela, o que vinha sendo violentamente contestado por Wieck. A união tornou-se uma das maiores bênçãos na vida de Schumann, já que as talentosas interpretações de Clara para as composições pianísticas do marido alimentavam o ânimo de Schumann a direcionar seu gênio rumo a uma revolução na música.

Uma de suas obras destaca-se como sendo um resumo de toda a sua maestria, virtuosismo e inspiração. Trata-se do 3º Movimento de seu Concerto para Piano em Lá Menor. A riqueza de liberdade, de texturas, de tonalidades, criam nesta obra-prima um vitral musical luminoso e intrigante. É o tipo de música que certamente enriquece o ser humano que busca decifrá-la... Tentemos:

- Schumann, Piano Concerto em Lá Menor, 3º Movimento:
http://www.youtube.com/watch?v=mSt_AjvCo8s&feature=related

Esta matéria tem relação com o post #27:
http://barcamor.blogspot.com/2008/05/27-o-cavalheiro-solitrio.html

Bom proveito!

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

#59 - Basil - O Bárbaro


Eu aposto com toda segurança: se você perguntar a qualquer fã de RPG ou temas medievais, qual é a trilha sonora favorita dele, o indivíduo que não responder “Conan – O Bárbaro” só o fará por nunca tê-la ouvido.

Esta obra musical antológica foi composta por Basil Poledouris, um grego criado nos EUA entre o som do órgão de sua igreja, alguns pequenos encargos eclesiásticos e aulas de piano.

O que mais impressiona no estilo de Basil é sua capacidade de mergulhar tão fundo, e com tanta propriedade, em aspectos extremamente distintos da música. A trilha de “Conan – O Bárbaro” é um resumo desta sua genialidade, que vai das mais potentes forças telúricas ao mais sublime lirismo.

Sua filmografia (curta para um artista de seu nível) também reflete esse extremismo, já que nela há necessariamente filmes bastante adversos entre si (“Conan” e “Free Willy”, ou “Robocop” e “A Lagoa Azul”).

A seguir vão links para sua obra-prima, algumas de minhas partes favoritas de “Conan – O Bárbaro”. Por último posto um vídeo raríssimo, feito por um espectador: o próprio Basil regendo seu tema mais famoso e recebendo uma das mais longas ovações de sua vida, pouco antes de falecer em 2006.

“Conan, O Bárbaro – Anvil of Crom”:
http://www.youtube.com/watch?v=sHDmXtW9Yx0

“Conan, O Bárbaro – Theology / Civilization”:
http://www.youtube.com/watch?v=Gur7kJythgM&feature=related

“Conan, O Bárbaro – Wifeing”:
http://www.youtube.com/watch?v=4HOauI2KBS0

Basil Poledouris regendo:
http://www.youtube.com/watch?v=NaBBQsRvwkU&feature=related

Bom proveito!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

#58 - Boas Festas!


Gostaria de, em primeiro lugar, desejar a todos um Feliz Natal. E em segundo lugar, gostaria de sugerir que, em meio a tantas correrias naturais pelos produtos costumeiros das Festas, todos pudéssemos, no mínimo, tirar alguns instantes para refletirmos sobre a razão de existência desta data.

Esquecendo discussões inúteis sobre datações, há pouco mais de dois mil anos veio ao mundo um homem que dividiu a contagem dos anos em Antes e Depois, por nos ensinar a amar.

Jesus de Nazaré dividiu a História Planetária por inverter totalmente o paradigma moral da época. Ao invés de “olho por olho, dente por dente”, o amor incondicional e o perdão tornaram-se as novas Leis Humanas e o mais difícil dos desafios íntimos que temos de enfrentar.

Tamanho é o absolutismo de seu ensinamento que ainda hoje raros são aqueles que conseguem pôr em prática. Ainda assim, o desafio está colocado, não como uma lei religiosa vazia, mas como o único caminho para a felicidade verdadeira (a coletiva) e para a evolução do mundo.

Existem muitas músicas natalinas, e gostaria de postar uma de minhas favoritas numa versão mais moderna que achei bem bonita. E também uma clássica homenagem de Bach ao Mestre da Humanidade.

“God Rest Ye Merry Gentlemen”(autor desconhecido):
http://www.youtube.com/watch?v=01uoLNxSLrY

“Bach – Jesus Alegria dos Homens”:
http://www.youtube.com/watch?v=DNdjML2kquc&feature=related

“Ame ao próximo como a ti mesmo, e a Deus sobre todas as coisas.”

Feliz natal a todos!

terça-feira, 29 de julho de 2008

#43 - Podem os mestres ter ídolos?

Era verão de 1812. Na estância termal alemã de Toeplitz, dois homens caminhavam de braços dados, muito juntos. Mas assim estavam não pela privacidade da conversa, já que um deles repetia seus assuntos quase sempre em alto e bom som ao ouvido de seu amigo. Falavam animadamente sobre música, poesia, e dividiam seus felizes ideais de revolução, liberdade e igualdade.

Em dado momento, um pequeno comboio de nobres cruza-lhes o caminho. Imediatamente, Goethe solta seu braço do amigo e abre para os ilustres um espaço quase tão grande quanto sua reverência e sorriso. Beethoven olha aquilo com espanto, e sua amizade com Goethe, que mal havia começado, já parte para um inevitável afastamento apático.

Beethoven era leitor das obras de Goethe (mais conhecido por “Fausto”) desde sempre, e diariamente devorava toda a criação do escritor. Sua admiração exacerbada possivelmente devia ter uma razão além do valor literário próprio. O fato é que Goethe costumava dizer abertamente, e com freqüência, que a música era o que movia seu amor pelas palavras, que a música era sua inspiração e a forma de arte perfeita para dar a seus escritos um valor completo e verdadeiro.

Na ocasião do encontro de Beethoven com seu ídolo, o compositor já havia finalizado a música que lhe fora encomendada para uma nova encenação de uma antiga peça de Goethe, chamada “Egmont”. Ser convocado para musicar uma peça de Goethe (ainda mais algo que tratava da luta pela liberdade contra o “invasor”) deixou Beethoven nas nuvens, e o resultado é que a abertura de “Egmont” é executada até os tempos atuais em concertos pelo mundo todo.

Não se sabe o quanto esse período e seus acontecimentos influenciaram o mestre na criação de sua Sétima Sinfonia (composta no ano de seu encontro com Goethe), mas o Segundo Movimento desta – uma das obras mais enigmáticas e perturbadoras do mestre – parece carregar um pequeno fardo da abertura de "Egmont".

-Beethoven – “Abertura de Egmont”:
http://www.youtube.com/watch?v=M1yxWXHLWcY

-Beethoven – “7ª Sinfonia, 2º Movimento” (não pergunte quem é a mulher do vídeo... foi a melhor versão que encontrei):
http://www.youtube.com/watch?v=5V5k0Plh-jY

Bom proveito!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

#37 - Requiem para um Vivo


Era março de 1791. Wolfgang Amadeus Mozart estava em sua casa em Viena, sofrendo estranha obsessão pela morte, após o falecimento de seu pai, quando um estranho bate à sua porta.

Recusando-se veementemente a se identificar, o estranho encomenda de Mozart um Réquiem (obra musical de homenagem aos mortos), e dá-lhe um vultoso adiantamento, avisando que voltaria em um mês.

O que pareceria então apenas mais um trabalho transformou-se num transtorno insano. Mozart, com a saúde debilitada, deprimido e afeito a idéias sobrenaturais passou a acreditar que a encomenda misteriosa daquele anônimo era um aviso do Destino. Um aviso de que aquele Réquiem era o anúncio de seu próprio funeral.

Mozart faleceu antes de concluir a obra, e embora haja especulações, a identidade do responsável pela encomenda permanece em relativo mistério. A versão mais aceita é a de que o homem era um enviado do conde Franz Walsseg, cuja esposa havia morrido. Ao que dizem, Franz pretendia que a obra fosse tocada em homenagem à esposa e afirmar-se autor dela perante os presentes, coisa que já havia feito antes.

Embora possa-se ouvir o Réquiem de Mozart inteiro, o mestre apenas pôde concluir uma parte dela. Coube a seu discípulo Franz Xaver Süssmayer a tarefa de tomar as partes e anotações de Mozart e finalizar aquela que seria uma das obras-primas da música clássica.

A parte que ouviremos chama-se “Domine Jesu Christe”, uma das mais vigorosas e extraordinárias de todo o Réquiem. Reparem a incrível perfeição com que as vozes e frases do coral se entrelaçam numa mistura que chega a parecer um caos harmonizado.

-“Wolfgang Amadeus Mozart – Réquiem em Ré Menor (Domine Jesu Christe)”
http://www.youtube.com/watch?v=xO3nT5cvaOo

- (este vídeo contém alguns problemas, mas condiz melhor com a força da música):
http://www.youtube.com/watch?v=xrkRX1UEZcg

Bom proveito!

terça-feira, 27 de maio de 2008

#27 - O Cavalheiro Solitário


Era uma noite de muita expectativa na cidade de Hamburgo. Era 1848. Um jovem virtuose do piano, de apenas quinze anos, estava para dar seu primeiro concerto público, organizado por ele próprio.

A sala encheu-se, e o pianista agitou os ânimos da platéia com um repertório cheio de agilidade e obras do gosto popular. Foi um sucesso estrondoso. O jovem músico, apalermado com a situação, do tipo que nunca vivera, estava nos bastidores a tomar fôlego, quando um homem entrou no recinto feito um furacão. O rapaz voltou-se para ele, e em sua hipnose extasiante abriu os braços para receber uma suposta congratulação calorosa. Mas Eduard Marxen, seu mestre, agarrou-o pelo paletó e o sacudiu:

- O que pensa que está fazendo, Johannes?
- O que foi, mestre? –
assustou-se o jovem.
- É isto que você quer? Afundar nesse lodo de sorrisos e sucessos, enquanto joga fora sua alma para agradar todo mundo com esse monte de lixo?

Johannes teve um choque. Era o indivíduo mais sincero e humilde que o mestre Marxen conhecia. Queria ser compositor, mais do que tudo, e deixara-se levar, tão fácil, pela ilusão do sucesso barato. A partir de então, continuou estudando a fundo, e passou a finalizar suas primeiras obras oficiais.

Joseph Joachim, um grande violinista da época, após fazer algumas apresentações com Johannes, ficou maravilhado com seu talento, e logo arranjou-lhe uma carta de apresentação para que Johannes conhecesse Franz Liszt, pianista e compositor aclamado como o mais espetacular virtuose da época. Assim, o pobre rapaz viu-se, de repente, enfurnado numa sala em Weimar, junto de célebres convidados e diante do grande Franz Liszt. O clima de sofisticação e superficialidade que cercava o momento deixou Johannes um tanto perturbado. Liszt já havia tido contato com algumas obras de Johannes, e pediu que ele tocasse alguma delas para todos. O pedido foi gentilmente recusado, mas Liszt, sem fazer-se de rogado, pegou uma das partituras e tocou ele mesmo. Os convidados ficaram encantados, e Liszt, empolgado, anunciou:

- Vou agora tocar uma de minhas peças para que você conheça. – E executou uma de suas obras mais espetaculares, tirando o fôlego dos que ali estavam. Ao terminar, sorrindo, virou-se para analisar a expressão de Johannes Brahms, e teve um choque ao notar que ele estava cochilando na poltrona.

Brahms não teve mais contato com Liszt, pois não estava afeiçoado a todo aquele movimento de “grandiosidades” e “revoluções musicais” que reinava em Weimar. Suas obras eram tidas como puras, profundas e sentimentais, e eram criticadas e rejeitadas por toda a horda de seguidores (entre músicos, estudiosos e críticos) que julgavam-se apreciadores da verdadeira música: a que Richard Wagner e Franz Liszt estavam fazendo.

Anos se passaram, até que Brahms conheceu aquela que seria seu grande amor e inspiração: Clara Schumann. Pianista excepcional, Clara era esposa de Robert Schumann, que tornou-se grande amigo e apoiador de Brahms, mas tomado pela insanidade, foi posto num manicômio, onde veio a falecer.

Brahms passou a ser um grande sustentáculo, então, para Clara. Devotou-lhe a mais pura e sincera amizade, e jamais aproveitou-se da falta de Robert. Na mesma época, sua carreira passou a piorar, com sucessivos fracassos de suas músicas. O compositor entrou numa grande onda de tristeza.

Mas foi no mais fundo de sua depressão que Brahms encontrou a saída, ao compor, num relâmpago de ânimo, uma obra inesquecível. E quando sua Terceira Sinfonia estreou, nem os ferrenhos seguidores de Wagner e Liszt puderam ficar alheios a seu poder. Era a redenção do espírito, do compositor mais gentil, solitário e humilde que a história já conheceu: Johannes Brahms.

No aniversário de 65 anos de Clara Schumann, Brahms saiu para comprar flores, mas encontrou a loja fechada. Voltou para casa, e decidiu dar a ela, de presente, a partitura do Terceiro Movimento desta Terceira Sinfonia.

Esteja pronto para o tema principal, tido como o mais belo de toda a obra de Brahms, pois em alguns pode causar profunda tristeza, noutros o escuro da solidão, e noutros ainda o vislumbre da beleza do desconhecido. A obra resume a alma do artista, imbuindo-se de diferentes atmosferas, que intercalam-se de modo bastante sutil, hora imprimindo mistério, hora um ensaio de sorriso.

“Johannes Brahms – Terceira Sinfonia, Terceiro Movimento”:
http://www.youtube.com/watch?v=aNQSzTyvDw4&feature=related

E essa é pra relembrar os sonos da infância:
“Johannes Brahms – Lullaby”:
http://www.youtube.com/watch?v=t894eGoymio

- “Não posso compor como Beethoven, ou como Mozart, mas que eu possa ser puro como eles.”

Bom proveito!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

#20 - As Belas Feras


Era praticamente impossível sair ileso à seqüência de abertura da animação “A Bela e a Fera”, da Disney. E as discussões a respeito de tamanha mágica inquiriam a narrativa, a beleza das imagens, mas as conclusões sempre acabavam caindo, em especial, na música que percorre a cena. O que poucos sabem (méritos à parte ao veteraníssimo compositor Alan Menken) é que o real responsável pela composição da música em questão é um mestre francês, já falecido desde 1921.

A obra utilizada na abertura de “A Bela e a Fera” é uma das partes da suíte “Carnaval dos Animais”, de Camille Saint-Saëns. A diferença consiste apenas numa aceleração do desenho melódico principal, e a não utilização de algumas variações da original. A parte em questão chama-se “Aquarium”, uma pequena obra-prima de impressionante mistério e encantamento.

Camille Saint-Saëns foi bastante criticado pelos eruditos de sua época, já que muitas de suas obras eram consideradas simplórias e de fácil execução. A verdade é que Camille era mais um “excitado” do que um “sentimental”. Ao compor, buscava texturas, cores e mágica, através do inusitado resultante da expressividade, e não da erudição.

Posto também a parte mais famosa de “Carnaval dos Animais”, chamada “O Cisne” (talvez a melodia mais conhecida de Saint-Saëns).

Links:

-Aquarium:
http://www.youtube.com/watch?v=AsD0FDLOKGA

-O Cisne:
http://www.youtube.com/watch?v=8VxmaZFms_E&feature=related

-Abertura de “A Bela e a Fera”:
http://www.youtube.com/watch?v=i9i3xWTEKIk&feature=related

Bom proveito!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

#14 - O Confeiteiro Musical


Edvard Hagerup Grieg (Bergen, 15 de Junho de 1843Bergen, 4 de Setembro de 1907) é o mais célebre compositor norueguês, um dos mais célebres do período romântico e do mundo.

Como praticamente todos os gênios musicais, exerceu e estudou música muito cedo, por volta dos seis anos de idade.

Pode-se dizer que Grieg não teve uma carreira musical tão conturbada quanto muitos dos expoentes a que se pode agrupá-lo. Porém, sua personalidade tendia a uma introspecção depressiva, e a muitos espantava ouvi-lo dizer categoricamente que a natureza ou as paisagens deslumbrantes de sua terra não lhe diziam nada, e em nada o inspiravam. Ainda assim, paradoxalmente, suas composições são tão expressivas que chegam a transbordar tais cenários, sensações e sentimentos.

Grieg não era dado a composições longas, cheias de aproveitamentos e variações. Preferia as idéias mais diretas, e o grande pianista e compositor Franz Liszt chegou a dizer que suas músicas pareciam "bolinhos de chocolate com cobertura de creme". Uma imagem deveras sugestiva e ao menos intrigante...

As músicas apresentadas são: o terceiro movimento do “Concerto para Piano em Lá Menor”, e uma famosa composição da “Suíte Peer Gynt II”.

A primeira integra o mais conhecido concerto composto por Grieg; é uma obra belíssima, expressiva, e em especial neste movimento parece uma ascendência constante. Tristemente, poucos dias após a estréia deste concerto, Grieg perde a primeira filha, ainda bebê.
http://www.youtube.com/watch?v=LZi5OHcCld0&feature=related

A segunda (Solvejg Sang) é uma composição romântica, feita para uma peça teatral; especificamente para uma cena em que o protagonista (Peer Gynt) apaixona-se, numa festa, pela única moça que aceita dançar com ele.