Poderia uma música ser mundialmente adorada, e ao mesmo tempo figurar entre as piores canções?
Situações como esta são até compreensíveis em casos muito específicos e polêmicos. Por exemplo: embora certos gêneros (pops radicalmente comerciais, funks, etc.) tenham fama, existe um contingente proporcional ou maior, que os critica como sendo material artístico inferior, duvidoso, e até mesmo estupidificador. Sem entrar em questões de certo ou errado, é compreensível.
No entanto, o que pensar quando uma canção realmente interessante, melódica, harmônica, é alvo de tantas listas de piores músicas? A canção "Mmm Mmm Mmm Mmm", lançada em 1993, é exemplo clássico dessa estranha dualidade. Apesar de projetar a banda Crash Test Dummies ao estrelato, caiu em pelo menos três importantes listas de músicas ruins (da VH1, da Rolling Stone e da Blender).
Embora particularmente muito bela, contém elementos que podem fazê-la parecer, sei lá, aquele galã de novela que manca e tem caspa; ou aquela musa da TV que tem chulé ou bafo de bode...
Se é a voz bizarra do cantor Brad Roberts, se é a letra esquisitíssima (que fala de crianças que sofrem os mais esdrúxulos problemas, como cabelos brancos, marcas de nascença ou a obrigação de sacudir-se artificialmente em cultos de igreja), o certo é que "Mmm Mmm Mmm Mmm" não passa em branco a nossos ouvidos.
Em toda sua estranheza, eu gosto. E vocês?
Crash Test Dummies - Mmm Mmm Mmm Mmm:
www.youtube.com/watch?v=yhuPiBZHvLE
Bom proveito!
quinta-feira, 22 de julho de 2010
#76 - Tão bela que enfada, ou tão ruim que encanta?
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segunda-feira, 12 de outubro de 2009
#72 - Dia das Crianças
Raffi não se destacava quando arranjava algum lugar para tocar, e eles estavam começando a escassear. Porém, em meados da década de 70, logo antes que ele arrancasse os cabelos em desespero, um convite inesperado e casual apareceu. De início a empolgação tomou conta de Raffi, mas o revés veio imediato: a proposta era uma apresentação numa escola de Toronto, para uma platéia de crianças.
Apesar de muito reticente, ele decidiu aceitar o inusitado desafio. Incrivelmente, sua apresentação foi um sucesso tão grande que, do dia para a noite, Raffi ganhou uma carreira no mundo das músicas para crianças. Ao longo da década de 70 e 80, suas composições, carisma e simplicidade arrebataram milhões de fãs (mirins e adultos), não só nos EUA, mas em todo o planeta.
Atualmente, Raffi é um dos grandes nomes na luta pelos direitos das crianças, causa pela qual já foi premiado inúmeras vezes.
Embora não esteja mais fazendo shows, o molde de suas apresentações vem sendo mantido por alguns outros artistas. No Brasil, um bom exemplo disso é o grupo “Palavra Cantada”.
No Youtube, há um show clássico de Raffi na íntegra. Aí vai uma das partes:
Raffi – A Young Children’s Concert (parte 2):
http://www.youtube.com/watch?v=z1jhz50lW8I
Palavra Cantada – “Sopa”:
http://www.youtube.com/watch?v=Q7KctMnADEw
Abraços a todas as crianças crescidas ou não!
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quinta-feira, 25 de junho de 2009
Michael Jackson (1958 - 2009)
Ele teve talento o bastante para juntar-se àqueles dotados que mostram ao mundo que a arte é sempre maior do que o próprio corpo, do que a própria existência física. E isto é facilmente constatável quando nos damos conta de que a beleza e o encantamento que nos proporcionou sempre foi muito maior do que sua dor tão humana, e seus conflitos tão mortais.
A arte é sempre maior do que nossos corpos, nossas dores e nossos comportamentos. Ela está acima de qualquer rumor, qualquer mentira, ou qualquer imperfeição do homem. Ela é a parte divina em nós, e alguns gênios têm o privilégio de revelar isso aos seus companheiros de jornada, fulminando-os e encantando-os com vozes e movimentos.
Obrigado, Michael, por ter feito sua parte por um mundo bem mais bonito.
Aí vão minhas preferidas:
Michael Jackson – Smooth Criminal:
http://www.youtube.com/watch?v=2WjOn5TNjBM&feature=fvst
Michael Jackson – Human Nature:
http://www.youtube.com/watch?v=Pjzer9dUWmg
Michael Jackson – Heal the World:
http://www.youtube.com/watch?v=W61Q-EZ8R7M
Michael Jackson – Remember the Time:
http://www.youtube.com/watch?v=sHAj5o0rdVE
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segunda-feira, 13 de abril de 2009
#68 - S.O.S. para o Céu
O indivíduo que já conhece uma tal cantora e compositora chamada Issa, sabe que ela é um dos grandes nomes da música que engrossa a fileira dos artistas contrários à soberania e abuso da poderosa indústria fonográfica.
Há poucos anos, Issa adotou a postura de disponibilizar todas as suas músicas para que os interessados pudessem comprá-las pelo preço que lhes desse na telha. Isto não só como forma de viver de sua arte segundo os padrões de seus próprios fãs, mas também como meio de auxiliar a natureza, evitando que suas obras demandassem a produção de toneladas de plástico para serem distribuídas ao mundo.
Esta ideologia, no entanto, não tem longa data na vida de Issa. Este estado de consciência veio-lhe repentinamente, lá pelo início dos anos 90, quando sua carreira musical guinou significativamente para algo mais leve e espiritual.
Alguns dizem que uma música em especial pode ser considerada a perfeita linha divisória entre Issa e Jane Siberry (seu nome verdadeiro). Trata-se da belíssima “Calling All Angels”. Qualquer um que tenha assistido “A Corrente do Bem”, com certeza se lembrará desta canção, já que ela envolve a cena final do filme com uma sensibilidade da qual é impossível sair ileso...
- Jane Siberry (nome atual Issa) – “Calling All Angels”:
http://www.youtube.com/watch?v=7L3UY_xnhw4&feature=related
Bom proveito!
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segunda-feira, 2 de março de 2009
#65 - Metralhadora de Hits
Tony Hatch já vinha se mostrando talentoso na arte de compor canções, e embora tivesse lidado com diversas oportunidades anteriormente, exatamente após retornar do exército, em 1959, é que sua carreira deslanchou para o estrelato.
O fato é que o cotidiano no “Serviço Nacional” não o afastou da música. Além de desenvolver atividades com a banda dos soldados, ficou conhecendo a mágica especial que embebia os eventos musicais promovidos pelo exército, em que talentosas cantoras tiravam os soldados por alguns instantes, com suas vozes e encantos, daquele estado de tensão e brutalidade.
Foi provavelmente assim que Tony Hatch conheceu Petula Clark, magnífica cantora que viria a atingir o topo das paradas musicais gravando várias pérolas do compositor.
Algumas delas:
“Call Me” – interpretada por Donna Loren:
http://www.youtube.com/watch?v=bSaM8WbscYk
“Downtown” – na voz de Petula Clark:
http://www.youtube.com/watch?v=FKCnHWas3HQ&feature=related
Bom proveito!
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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
#60 - A banda de um homem só
Imagine que eu te convide, empolgadíssimo, para ir comigo a um show. Você me pergunta do que se trata, e eu respondo que é de um cantor maravilhoso, filho do primeiro barítono negro a obter reconhecimento. Digo que é imperdível, já que o homem tem uma capacidades vocal extraordinária (cerca de 4 oitavas), e que além de tudo detém uma misteriosa técnica oriental de vocalizar, sozinho, mais de uma nota ao mesmo tempo.
Talvez você fique empolgado. E lá vamos nós, felizes.
Agora, o que você sentiria se, ao chegar ao tal show, se deparasse com um palco absolutamente vazio? E o que pensaria, então, quando entrasse finalmente o tal cantor, e ele viesse com nada além de um microfone, e começasse a fazer uns passinhos desajeitados, e a soltar uns murmúrios sem sentido?
E se eu garantisse que, nos dois minutos seguintes você já estaria provavelmente com vontade de aplaudi-lo de pé?
Acreditaria? Então veja com os próprios olhos, e ouça com os próprios ouvidos...
Com vocês, o maestro Bobby McFerrin:
Improvisação:
http://www.youtube.com/watch?v=MVVUMNv1t9w
Invenções Espontâneas:
http://www.youtube.com/watch?v=5VfyMPHzYdQ&feature=related
“Bobby McFerrin – Drive”:
http://www.youtube.com/watch?v=LtXrKo8Btfc&feature=related
“Bobby McFerrin – Ave Maria”:
http://www.youtube.com/watch?v=PgvJg7D6Qck&feature=related
Bom proveito!
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
#56 - "Que que deu nesse menino?..."
É tudo muito simples, muito comum... O tipo de coisa que ocorre de maneira repentina e quase ninguém nota. Deve ser igual a visitar parentes e encontrar aquele garotinho de 12 anos que você não vê há 5 anos, e grita: “Meu Deus, o que aconteceu com você?!”.
Sabe-se lá o que ocorreu... Andy McKee tinha 13 anos, e deu na cabeça dele fazer umas aulas de violão. Não houve nada de mais, já que o garoto não dava a mínima para as lições. Um primo (desses primos quaisquer, que todo mundo tem), foi com ele, certo dia, à apresentação de um violonista bacana. Andy gostou do que viu, e comprou uma fita de vídeo com algumas técnicas do homem.
Aí então, assim de repente, como gritar “meu Deus, o que aconteceu com você?!”, deu nisso. McKee tornou-se um violonista compositor, detentor de uma incrível capacidade de fazer com duas mãos o que normalmente necessitaria de quatro.
A música “Drifting”, de seu terceiro CD, já foi assistida mais de 8 milhões de vezes no Youtube.
“Andy McKee – Drifting”:
http://www.youtube.com/watch?v=Ddn4MGaS3N4&feature=related
“Andy McKee – Art of Motion”:
http://www.youtube.com/watch?v=nmE3QaGetn4&feature=channel
Bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 13:57 0 comentários
#55 - A canção de todo mestre
O que muitos de nós não sabemos, é que este gênero ganhou destaque graças ao filme “Ao Mestre com Carinho”, de 1966, e estrelado por Sidney Poitier, o primeiro ator negro a receber um Oscar de melhor ator principal.
O filme, que já é belíssimo por si, vem adocicado por uma maravilhosa canção, cuja intérprete (Lulu) é mesmo a própria atriz que faz o papel da aluna que canta no final. A letra de “To Sir, With Love” fala sobre uma transição para a maturidade, e da incapacidade de se agradecer aquele que tornou possível esta transição.
A música (composta por Don Black e Marc London, escritor do “The Muppet Show”) alcançou imediatamente o topo das paradas, e até hoje é possível para muitos lembrarem-se de tê-la ouvido em algum lugar... em alguma época...
“Lulu – To Sir, With Love”:
http://www.youtube.com/watch?v=AQztUCuXzKU&feature=related
Bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 09:36 0 comentários
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008
#54 - O quarto tenor fugiu pro rock
Não é possível rotular Freddie Mercury como cantor lírico baseando-se em sua capacidade vocal, que apesar de extraordinária, apresenta em grande parte a roupagem – por vezes lisa, por vezes áspera – do rock. Mas é sim possível colocá-lo neste patamar, se nos detivermos em certos parâmetros claramente notados em suas composições.
Em outras palavras, se a roupagem da voz de Freddie não tem “cara de ópera”, suas músicas muitas vezes estruturam-se na liberdade operística. É exatamente graças à influência da música operística que os maiores sucessos do Queen (compostos por Freddie), são acusados – no bom sentido – de romperem lindamente com as estruturas do rock, tomando rumos inusitados e muitas vezes de cunho narrativo.
Vamos tentar perceber esse aspecto tão significativo de suas músicas, sob dois prismas bem distintos, mas que levam ao mesmo raciocínio:
-Primeiro, a quebra da estrutura convencional rock:
http://www.youtube.com/watch?v=Db65ZsVsLWo&feature=related
-Segundo, numa canção mais convencional, em parceria com a cantora lírica Montserrat Caballé:
http://www.youtube.com/watch?v=mvZGgbF43H8
Bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 13:26 2 comentários
#53 - Casamentos perfeitos, filhos notáveis
E a questão foi de pura lógica: se elas seriam “mamas”, restaria a John e Denny serem os “papas”. E assim surgiu o “The Mamas & the Papas”, grupo vocal que criava suas próprias canções, e não bastasse a beleza das mesmas, davam a elas uma dinâmica de vozes que tornou-se marca registrada na história da música.
O “The Mamas & the Papas” foi um dos únicos grupos norte-americanos que conseguiu competir na época, em primeira grandeza, com a “invasão britânica” que dominava as paradas de sucesso (e encabeçada, para se ter uma idéia, pelos Beatles).
Sua maior obra-prima é, sem dúvida, a canção “Califórnia Dreamin’”, exemplo básico e clássico da genialidade com que construíam o jogo das vozes:
http://www.youtube.com/watch?v=dN3GbF9Bx6E
- “Monday, Monday”:
http://www.youtube.com/watch?v=LW7NpsHR3K0
Bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 09:40 0 comentários
terça-feira, 26 de agosto de 2008
#50 - Cellar Door
O complexo roteiro é baseado nas teorias de Stephen Hawking e na filosofia de Roberta Sparrow, e o que mais nos excita e desafia nele como espectadores talvez seja a apresentação deste elemento Quântico misturado a um aparente distúrbio psicológico do protagonista (Donnie Darko, que dá o próprio nome do filme). Na verdade, o distúrbio de Donnie é aparentemente discutido como uma espécie de “fenda” que o permite obter contatos com uma outra dimensão.
Na estória, a casa de Donnie é vítima de um misterioso e inexplicável acidente, e a partir dele o rapaz começa a ser estranhamente induzido, pela visão de um homem-coelho feio pra diacho, a executar uma série de “tarefas” que ele próprio não compreende, mas que sente estarem conectadas à necessidade de impedir uma catástrofe. Ele trava, um tanto sem perceber, uma batalha contra o medo da morte ao compreender que precisará entregar sua vida para salvar a quem ama. E não se preocupe quem não assistiu, porque não entreguei nada... A coisa vai exigir muita queima de neurônios, garanto...
Musicalmente falando, o filme sustenta-se muito no som do grupo Tears for Fears, uma perfeita escolha para trazer a nostalgia dos anos 80, a se notar principalmente por esta pequena e arrebatadora cena (que vale dizer, não é um clipe, é no filme exatamente assim), que traça de maneira muito mais interessante do que a mera “narrativa regular” um panorama geral dos personagens que cumprirão papel fundamental na estória:
http://www.youtube.com/watch?v=AXwelEWpPXs
Outra canção do Tears for Fears usada, como tema principal, é a “Mad World”, só que em versão de Gary Jules, mais simples e intimista.
“Gary Jules – Mad World”:
http://www.youtube.com/watch?v=D1Nq086QB1Q
“Tears for Fears – Mad World” (original):
http://www.youtube.com/watch?v=nXuXikfIYHY&feature=related
Bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 15:50 0 comentários
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#49 - De boneco e louco todo mundo tem um pouco...
Graças ao programa, uma música bastante despretensiosa criada pelo italiano Piero Umiliani tornou-se extremamente famosa, ao ser apresentada num quadro musical com a hilária coreografia de três peculiares personagens.
Após o sucesso desta primeira versão, outra coreografia, ainda mais hilária, foi apresentada no programa “The Muppet Show”, produção com bonecos que surgiu a partir de Sesame Street, com objetivo de ser mais “variedades” e agradar não apenas crianças. Vamos a ela:
“The Muppet Show - Manah Manah”:
http://www.youtube.com/watch?v=7wMHcpMmV9g
Outra que também vale um click:
“Harry Belafonte & The Muppet - Banana Boat Song”:
http://www.youtube.com/watch?v=Jpg-KIKD5gU&feature=related
Bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 09:32 0 comentários
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segunda-feira, 11 de agosto de 2008
#47 - De pai para filho
Certo dia, uma notícia chegou de sua ex-esposa. Ela o informou de que iria mudar-se para a França, no intuito de estabelecer melhor um novo relacionamento que estava vivenciando. Quanto a este último detalhe, não houve maiores problemas, mas a notícia abalou Radney de forma terrível, já que seu filho com ela, de três anos, teria de ir embora também.
Sem ver uma saída razoável para a situação, Radney compôs uma canção maravilhosa para o menino, dizendo a ele que a ouvisse todas as noites antes de dormir. E dizem que ele ainda o faz até hoje...
A melodia é surpreendente, e a letra demonstra uma extrema sensibilidade de Radney, intercalando o que seria uma oração noturna e muitos personagens do universo infantil. Seu título, “Godspeed”, é uma expressão antiga, uma despedida que deseja boa jornada e prosperidade. Se a traduzíssemos literalmente, poderia ser “na velocidade de Deus”.
“Radney Foster – Godspeed (Sweet Dreams)”:
http://www.youtube.com/watch?v=eos7FbtuTbo
Bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 14:20 1 comentários
quarta-feira, 9 de julho de 2008
#39 - A menina de cabeça fértil
Para tanto, fez com que ela gravasse sua canção como um single e o lançasse numa edição limitada por um selo desconhecido. Trabalho feito, embora de proporções mirradas, o single chamou a atenção da MCA, que alguns anos depois assinou contrato com a talentosa garotinha.
Alanis Morissette lançou, então, em 1991, seu primeiro disco oficial, aos 17 anos de idade. O trabalho buscava explorar o carisma dela em faixas pop-dance, e a empreitada teve grande sucesso nas paradas. Buscando dar continuidade aos dividendos, veio o segundo disco, também dançante, mas a explosão anterior já dava sinais de desvanecimento.
Alanis viu-se numa crescente maré de desânimo quanto a seu trabalho. Por um período, a partir de 93, morou sozinha e botou-se numa busca incessante por músicos com quem pudesse trabalhar ou que a ajudassem a encontrar uma forma de expressão que lhe desse mais satisfação. Conhecer então o produtor Glen Ballard pôs fim à busca da moça. Encorajando ferozmente Alanis a expressar suas emoções Glen foi aos poucos ajudando-a a compor o que seria um dos álbuns de rock pop mais vendidos da época: o “Jagged Little Pill”, em que quase cada uma das faixas virou hit.
A partir de então, o estilo musical de Alanis Morissette fixou-se numa crueza maior pelo lado instrumental, e numa linha melódica especialmente dramática. Aí vai uma das minhas favoritas:
-“Alanis Morissette – Joining You”
http://www.youtube.com/watch?v=dKVfo9SnH2E&feature=related
Bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 08:51 0 comentários
quinta-feira, 26 de junho de 2008
#36 - E de ordinário só tem o mundo
Como é bem sabido, o Duran Duran teve uma trajetória milionária, e não demorou muito para que seus integrantes passassem a viver quase que efetivamente em hotéis de luxo. E embora isto pareça fato comum em gente de sucesso, no caso do Duran Duran tomou uma proporção psicologicamente perigosa mas quase invisível. Mais perceptível na atuação geral do cantor Simon Le Bon, é possível sentir um tom de apatia, talvez até de desconexão, principalmente nas músicas do Duran Duran que tem algum cunho social. Ainda assim, por muito tempo será impossível ficar indiferente à musicalidade da banda.
Apesar dos hits de êxito mundo afora, uma bela canção do Duran Duran, curiosamente, só fez sucesso no Brasil. Trata-se de “A Matter of Feeling”. Ouviremos esta e outra que talvez seja a mais conhecida da banda: a extasiante “Ordinary World”.
“Duran Duran – A Matter of Feeling”
http://www.youtube.com/watch?v=tjk1DUgrvmg
“Duran Duran – Ordinary World”
http://www.youtube.com/watch?v=FeXuOLliDro&feature=related
Bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 09:24 1 comentários
terça-feira, 10 de junho de 2008
#32 - Três formas de dizer I wish you were here...
No Brasil, a data é comemorada em 12 de Junho por ser véspera do Dia de Santo Antônio, santo português que de tanto pregar a importância da união familiar, acabou com fama de casamenteiro.
No universo musical, a natureza humana demonstra grande interesse pela audição de músicas tristes que as façam refletir submersos no que chama-se modernamente “fossa”, ou que embora tristes e com letras advindas de choros, saudades e ciúmes, as façam, paradoxalmente, suspirar pela sorte de um par já adquirido.
Dentre um tanto de músicas românticas nas quais os sensíveis (ou os manteiga-derretida, grupo no qual declaro-me incluso) esbaldam-se, existe um número interessante de músicas muito famosas com nomes iguais. A este respeito, destaco uma parte da espantosa coleção de “Wish You Were Here”s:
“Wish You Were Here” do “Pink Floyd”:
http://www.youtube.com/watch?v=IXdNnw99-Ic
“Wish You Were Here” do “Blackmore’s Night”:
http://www.youtube.com/watch?v=qoYbVosc93U
E como não poderia faltar: a “Wish You Were Here” do “Bee Gees”
http://www.youtube.com/watch?v=ei7Eq3W5tyE
Escolha sua favorita e bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 13:29 1 comentários
terça-feira, 3 de junho de 2008
#29 - A doce e pacífica falta de assunto...
A letra sobre um indivíduo constrangido por sua falta do que dizer recheia-se de imagens simples, e talvez isto – junto à musicalidade agradável e movimentada – faça nossa mente vagar pelo sossego das coisas cotidianas, como o filme que se viu ou o livro que ainda não se leu.
Apesar de todas as músicas da dupla norueguesa “Kings of Convenience” serem criadas por ambos (Erlend Oye e Eirik Glambek Boe), a canção em questão deve ter tido como principal cabeça Erlend Oye, rapaz que já era famoso na escola, muito antes de meter-se nos palcos, portando seus óculos gigantes e trazendo na mente uma enciclopédia de trivialidades.
Assistir ao clipe de “I’d Rather Dance With You” é uma grande surpresa. Ele busca construir o enredo a partir da sensação de leve humor e dança que a musicalidade traz, tendo o próprio Erlend como personagem central.
-Kings of Convenience – I’d Rather Dance With You:
http://www.youtube.com/watch?v=C9r9sQ6PHOM
-Kings of Convenience – Misread:
http://www.youtube.com/watch?v=2emj7HXv6Ic&feature=related
Bom proveito!
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segunda-feira, 12 de maio de 2008
#24 - Amores Vêns, Amores Vãos...
Ele dirigia, em 1944, o filme noir “Laura”, e já vinha sofrendo diversos palpites do mestre compositor David Raksin (1912 – 2004). O principal deles havia sido a respeito de uma cena que o diretor Otto encurtara, por achar longa. Nela, o protagonista, um detetive que investiga o suposto assassinato de uma belíssima e rica mulher, entra no apartamento desta, e passa a caminhar e observar todos os cômodos, até deter-se aparvalhado, diante de seu retrato.
O compositor Raksin chamou a atenção de Otto para o peso psicológico da cena, imprescindível para estabelecer na mente de todos o conflito de um homem apaixonando-se perdidamente por uma mulher supostamente morta. Na verdade Laura aparece viva logo em seguida, mas Raksin percebeu que a fotografia do filme (único Oscar que a obra levou) causava-lhe uma grave impressão de ilusão, que o levava a questionar constantemente sua razão quanto à real existência daquela mulher, durante todo o filme. Otto acatou o conselho, e sua indicação ao Oscar veio.
Ainda assim, durante o processo, outro impasse surgia quanto à trilha sonora do filme. Otto desejava utilizar como tema uma canção famosa chamada “Sophisticated Lady”. Raksin novamente meteu seu glorioso bedelho, perguntando a Otto que conexão ele via entre a personagem Laura e aquela canção. Como resposta, Otto apenas disse: “Bolas... se é assim, então me apareça até segunda-feira com algo melhor! Senão eu uso esta mesmo!”. Era sexta-feira.
É aqui, então, que ocorre um dos mais tocantes fatos da história da música para cinema. Raksin passou a sexta e o sábado compondo diversos temas, sem satisfazer-se com nada. Decidindo relaxar por um momento, saiu para um breve passeio no domingo, e ao chegar em casa, deparou-se com uma carta de sua esposa, e no envelope: “Dear David”. Pegou a carta e guardou-a no bolso, indo direto ao piano, afinal tinha muito trabalho pela frente. Ainda assim, seu bloqueio criativo frustrou-o por vários minutos.
Em dado momento, Raksin decide fazer algo que costumava ajuda-lo em momentos assim. Gostava de colocar diante de si uma foto bonita, ou um poema, para deixar a mente vagar e assim a criatividade surgir. Lembrou-se da carta de sua esposa, e animou-se. Pegou-a do bolso e abriu. Ao ler, tomou um choque: sua esposa o estava deixando. Estranhamente, como que por uma agoniosa mágica, a primeira coisa que ele fez foi pôr a carta diante de si e tocar os primeiros acordes que viriam a tornar-se uma das canções cinematográficas mais belas e regravadas:
David Raksin – Laura:
http://www.youtube.com/watch?v=Baj5Q7H5q6s
Nesta versão, ela é interpretada por Carly Simon, cantora de altíssimo reconhecimento internacional, cuja ligação com o sentimento de Raksin relacionado à criação de “Laura” pode ser especial, já que o florescimento de sua carreira envolveu uma separação dolorosa relacionada a casamento (o de sua irmã, com quem formava uma dupla), que seu primeiro álbum solo trata sobre casamento, e que o seu próprio com o grande gênio folk James Taylor não perdurou.
Aproveito, então, para linkar uma música de Carly, do álbum homônimo de 1987. A música é uma surpresa, já que o aparente pop romântico ganha boas caras por tratar de esperança e de família, numa temática que diz mais ou menos: ainda que tudo sempre mude, se você estiver disposto a jogar o jogo, as coisas boas sempre encontrarão um modo de voltar.
Carly Simon – Coming Around Again:
http://www.youtube.com/watch?v=AZ_X4DeEcKk
Bom proveito!
(E créditos do título do post à poetiza Mariana Campos)
Postado por Gustavo Barcamor às 12:29 0 comentários
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segunda-feira, 21 de abril de 2008
#19 - A Gênese: Reunião e Explosão
Era meados de 1967 e o propósito inicial de Peter Gabriel (voz e flauta), Mike Rutherford (baixo) e Tony Banks (teclados), era compor canções para vendê-las a artistas e gravadoras. Como ninguém queria comprá-las, decidiram eles próprios formarem uma banda e pô-las em prática. Assim surgiu o Genesis, que viria a tornar-se uma das melhores bandas de rock progressivo de todos os tempos. Duas tragetórias, no entanto, muito chamam a atenção na carreira do Genesis. São os dois gênios musicais Peter Gabriel e Phil Collins.
O vocalista Peter Gabriel era uma atração à parte em todos os shows da banda, imprimindo com maestria o elemento teatral às apresentações, ao ponto de os outros membros questionarem o uso de tais recursos.
Phil Collins, por sua vez, pode ser apresentado apenas mencionando-se que durante os testes do Genesis para encontrar o primeiro baterista, os outros integrantes já sentiram que era ele o cara ideal, após verem-no simplesmente tomar as baquetas e sentar-se à bateria.
O Genesis seguiu firme e forte por um tempo, após uns trancos e barrancos iniciais, até que Peter Gabriel decidiu deixar o grupo, querendo dedicar-se mais à vida pessoal. Ele chegou a admitir, muitos anos depois, que sentiu intensos ciúmes com o fato do Genesis ter estourado no mundo inteiro logo após sua saída, afinal, esperava que sua ausência tivesse maus impactos. E boas surpresas coloriram esta transição, já que Phil Collins, o baterista, assumiu os vocais. Isto ocorreu pois ao comandar os testes na busca de um cantor novo, ele sempre mostrava aos candidatos como cantar, e na verdade sempre cantava melhor que todos. Sob o comando de Phil, o Genesis foi aos poucos tomando um aspecto mais pop, fato que agradou a muitos e desagradou fãs mais conservadores.
Após anos de constante ascendência, Phil começa a enfrentar sérios problemas pessoais, e pede ao grupo para que possa fazer uma pausa, até que consiga resolver-se. Sua esposa, desagradada com sua constante ausência pelas turnês, queria divórcio. Phil fez o possível para recuperar o casamento, mas a mulher, por fim, optou pela separação. Entristecido, o cantor passou uma temporada isolado em uma casa, e escreveu diversas cartas para a mulher. Decidindo-se por não enviá-las, foi compondo canções com elas(http://www.youtube.com/watch?v=jXBuhk-8sWs), até que o produtor do Genesis, em uma visita, ouviu as mesmas e aconselhou-o a gravar um álbum. Assim começou a muito exitosa carreira solo de Phil Collins, como cantor pop. Suas músicas ganharam não só temática romântica, mas também crítica social, como no hit (http://www.youtube.com/watch?v=ftlYLcEW_I4&feature=related).
Paralelamente, o ex-Genesis Peter Gabriel estourava nas paradas (também como cantor pop) com um hit cujo clipe tornou-se um marco, tamanha sua criatividade. Tratava-se da maravilhosa “Sledgehammer” (http://www.youtube.com/watch?v=hqyc37aOqT0)
Nos links a seguir poderemos analisar alguns aspectos da grande mudança de estilo ocorrida no Genesis desde seu início até seus momentos finais:
-Genesis - Firth of Fifth (da era Peter Gabriel, é uma das criações mais incríveis da banda, em que podemos sentir a capacidade criativa do tecladista Tony Banks. Destaque para o apoteótico solo de guitarra em 6:25, do lendário Steve Hackett):
http://www.youtube.com/watch?v=5vtfLIxV7uo
-Genesis – Mama (da era Phil Collins mais adiantada. A música fala sobre a atração de um jovem por uma prostituta mais velha. Ela tem um aspecto eletrônico, e sua intensidade é uma crescente hipnótica):
http://www.youtube.com/watch?v=lx7ENNe5VhY
-Solo de Bateria (Phil Collins mostrando o que sabe, em dueto com Chester Thompson):
http://www.youtube.com/watch?v=XUR4k0LyTdc&feature=related
Bom proveito!
Postado por Gustavo Barcamor às 13:11 4 comentários
sexta-feira, 28 de março de 2008
#5 - Ah... L'amour...
André Popp, nascido em 19 de Fevereiro de 1924, estudou música no Instituto Saint Joseph, e entre seus trabalhos mais comoventes destaca-se um livro chamado “Piccolo, Sax and Co”, um conto infantil que ensina às crianças noções sobre os instrumentos de orquestra e harmonia.
Em 1960, compôs (com letra de Pierre Cour) a canção que viria a projetá-lo mundialmente: “L’Amour Est Bleu”. Primeiro, a canção conseguiu apenas o 4º lugar num concurso europeu, mas na interpretação de Vicky Leandros ganhou o topo dos afetos no continente. Em seguida, alcançou fama nas américas na versão instrumental do maestro Paul Mauriat.
Aqui no Brasil, talvez ela seja apenas um xodó piegas de casamentos.
Aí vão os links para as duas versões mais significativas desta maravilhosa música:
- “Vicky Leandros – L’Amour Est Bleu”
- “Paul Mauriat – Love Is Blue” (instrumental)
Letra:
“Doux, doux, l'amour est doux
Postado por Gustavo Barcamor às 08:39 2 comentários