terça-feira, 26 de agosto de 2008

#50 - Cellar Door


Em 2001 foi lançado um filme que passou quase em branco pelos circuitos. Por incrível que pareça, ao assisti-lo podemos até sentir no fundo que isto é justificável...

O complexo roteiro é baseado nas teorias de Stephen Hawking e na filosofia de Roberta Sparrow, e o que mais nos excita e desafia nele como espectadores talvez seja a apresentação deste elemento Quântico misturado a um aparente distúrbio psicológico do protagonista (Donnie Darko, que dá o próprio nome do filme). Na verdade, o distúrbio de Donnie é aparentemente discutido como uma espécie de “fenda” que o permite obter contatos com uma outra dimensão.

Na estória, a casa de Donnie é vítima de um misterioso e inexplicável acidente, e a partir dele o rapaz começa a ser estranhamente induzido, pela visão de um homem-coelho feio pra diacho, a executar uma série de “tarefas” que ele próprio não compreende, mas que sente estarem conectadas à necessidade de impedir uma catástrofe. Ele trava, um tanto sem perceber, uma batalha contra o medo da morte ao compreender que precisará entregar sua vida para salvar a quem ama. E não se preocupe quem não assistiu, porque não entreguei nada... A coisa vai exigir muita queima de neurônios, garanto...

Musicalmente falando, o filme sustenta-se muito no som do grupo Tears for Fears, uma perfeita escolha para trazer a nostalgia dos anos 80, a se notar principalmente por esta pequena e arrebatadora cena (que vale dizer, não é um clipe, é no filme exatamente assim), que traça de maneira muito mais interessante do que a mera “narrativa regular” um panorama geral dos personagens que cumprirão papel fundamental na estória:
http://www.youtube.com/watch?v=AXwelEWpPXs

Outra canção do Tears for Fears usada, como tema principal, é a “Mad World”, só que em versão de Gary Jules, mais simples e intimista.

“Gary Jules – Mad World”:
http://www.youtube.com/watch?v=D1Nq086QB1Q

“Tears for Fears – Mad World” (original):
http://www.youtube.com/watch?v=nXuXikfIYHY&feature=related

Bom proveito!

#49 - De boneco e louco todo mundo tem um pouco...


O programa infantil Vila Sésamo estreou na programação brasileira em 1972, e tornou-se lembrança muito cara aos que foram crianças na época. Exaltado até os dias atuais, graças à genialidade de sua estrutura e conteúdo, Vila Sésamo foi a versão nacional de Sesame Street (“Rua Sésamo”) criado nos EUA em 1969 com base em inovadores estudos de educadores. A versão original tornou-se um dos programas mais duradouros da história, com mais de 30 anos initerruptos de produção.

Graças ao programa, uma música bastante despretensiosa criada pelo italiano Piero Umiliani tornou-se extremamente famosa, ao ser apresentada num quadro musical com a hilária coreografia de três peculiares personagens.

Após o sucesso desta primeira versão, outra coreografia, ainda mais hilária, foi apresentada no programa “The Muppet Show”, produção com bonecos que surgiu a partir de Sesame Street, com objetivo de ser mais “variedades” e agradar não apenas crianças. Vamos a ela:

“The Muppet Show - Manah Manah”:
http://www.youtube.com/watch?v=7wMHcpMmV9g

Outra que também vale um click:

“Harry Belafonte & The Muppet - Banana Boat Song”:
http://www.youtube.com/watch?v=Jpg-KIKD5gU&feature=related

Bom proveito!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

#48 - O vento que cresceu a barba


Dependendo das circunstâncias gerais em que o faça, ouvir uma boa música deles é como fazer, no meio de um espasmo de felicidade, uma terrível piada sobre seu melhor amigo; é o encontro com a conclusão sábia de que aquilo foi mais você do que o você cotidiano, sendo este último a versão improvisada de um bom manequim social.

Parece espantoso que muitos dos fãs de Los Hermanos relatem uma sensação de “invasão” quando envolvidos pelas canções do grupo, e falo de “invasão” no sentido injusto mesmo, como a possível sensação de alguém sentado no meio de uma roda onde todos pudessem ler seus pensamentos. Mas não tenho muita certeza de que este resultado seja tão misterioso...

Uma das características mais notáveis na banda é a precisão com que as letras são assentadas sobre a melodia, bem como seu temas e desenvolvimentos. Em suma, ao mesmo tempo em que as letras criadas não interferem na idéia melódica, elas não perdem substância por uma comum priorização de um elemento ou outro: letra e música convergem perfeitamente.

O resultado disso é que a bela musicalidade da banda prepara nosso terreno emocional para a série de panoramas e imagens a que as letras nos submetem, e é para nós impossível deixar de tentar decifrá-las. E é por culpa deste ímpeto pela explicação que muitas vezes empobrecemos algumas das letras do grupo, atribuindo a elas uma pretensa “complexidade poética”.

Alguns já descobriram a beleza que é apreciá-las em seus sentidos mais óbvios e simples, como a maravilhosa “Além do Que Se Vê”, que Marcelo Camelo (letra e música) compôs para sua mãe pintora: http://www.youtube.com/watch?v=P9lvAQdFwyM

O Los Hermanos tem uma trajetória (ainda que recente) bem interessante. Após um álbum de estréia com estilo musical frenético e meloso (até debochado), veio um segundo disco bastante diferente, mais introspectivo e refinado, cujo mote parecia ser mesmo o susto que acomete o folião quando a festa acaba. A primeira música deste álbum dá esta clara idéia, introduzida por um trombone solitário e triste, que parece lamentar-se num salão vazio e abarrotado de sepentina e confete:

“Los Hermanos - Todo Carnaval Tem Seu Fim”:
http://www.youtube.com/watch?v=J16o9bYS-no

"Casa Pré-Fabricada" (versão de Roberta Sá):
Bom proveito!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

#47 - De pai para filho


A vida do músico texano Radney Foster corria relativamente bem. No fim da década de noventa, estava com a carreira estável, prestes a lançar um novo álbum.

Certo dia, uma notícia chegou de sua ex-esposa. Ela o informou de que iria mudar-se para a França, no intuito de estabelecer melhor um novo relacionamento que estava vivenciando. Quanto a este último detalhe, não houve maiores problemas, mas a notícia abalou Radney de forma terrível, já que seu filho com ela, de três anos, teria de ir embora também.

Sem ver uma saída razoável para a situação, Radney compôs uma canção maravilhosa para o menino, dizendo a ele que a ouvisse todas as noites antes de dormir. E dizem que ele ainda o faz até hoje...

A melodia é surpreendente, e a letra demonstra uma extrema sensibilidade de Radney, intercalando o que seria uma oração noturna e muitos personagens do universo infantil. Seu título, “Godspeed”, é uma expressão antiga, uma despedida que deseja boa jornada e prosperidade. Se a traduzíssemos literalmente, poderia ser “na velocidade de Deus”.

“Radney Foster – Godspeed (Sweet Dreams)”:
http://www.youtube.com/watch?v=eos7FbtuTbo

Bom proveito!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

#46 - O Espírito Continua...


Com a licença da liberdade de expressão, e sem receio de contrariar os puritanos, afirmo com plena segurança que o mais belo capítulo da história do Rock Progressivo ainda estava para ser escrito mesmo após seu declínio a partir dos anos 80.

Este capítulo começa em Cuba, no ano de 1993, com um triste acidente. Um jovem chamado James Labrie estava há pouco tempo integrado num trabalho no qual podia se considerar feliz e realizado. Cantor desde os 5 anos de idade, dono de um talento inigualável e timbre único, passara considerável tempo pulando de grupo em grupo sem nenhum sucesso, até que em 91 consegue ser contratado como vocalista da banda Dream Theater, que na época já era respeitada como um dos únicos mantenedores consistentes do rock progressivo. Mas sua felicidade não demorou muito para ser fatalmente abalada. Dois anos depois, numa viagem ao citado país de Fidel, sofreu uma gravíssima intoxicação alimentar que, por incrível que pareça, culminou no rompimento de suas cordas vocais.

Tentando tratar-se com um punhado de especialistas, recebeu de todos a triste notícia de que nada mais podiam fazer. Após um tempo de repouso, o Dream Theater entrou em estúdio para um novo álbum, e contrariando todas as recomendações médicas James decidiu participar, e a muito custo conseguiu gravar com a banda. Sem conseguir ficar longe dos palcos, saiu em turnê, e seu desempenho foi desesperador.

Ao final da turnê, James, extremamente deprimido e prejudicado, decidiu largar a banda. No entanto, seus companheiros recusaram-se a aceitar sua saída, e com o comovente apoio que recebeu de todos, conseguiu algum fôlego para seguir em frente. E eis que os músicos do Dream Theater estavam então preparados para dar à luz seu carimbo na história: o álbum “Scenes From a Memory”, lançado em 1999.

Todo o disco conta a história de um homem que sente-se atormentado sem saber o motivo, até que decide fazer uma regressão de memória. A partir daí, as músicas passam a narrar a descoberta de uma vida passada cujos incidentes marcaram o homem, bem como sua jornada pelo inconsciente a fim de encontrar sua paz de espírito.

A temática da imortalidade da alma, da continuidade da vida após a morte, é tratada de forma memorável durante a trajetória do personagem, e a subordinação disto à musicalidade da banda transforrna a audição num momento transcendente. E tal transcendência não se dá pelas antigas “caleidoscopias sonoras” ou pelas ilusões dos ácidos, mas pelo desafio das harmonias e pelo poder de som do grupo.

Contemplemos os três momentos finais deste trabalho, os trechos mais trágico-operísticos de “Scenes From a Memory”, que culminam, em minha humilde opinião, no encerramento mais belo de todos os melhores álbuns do gênero. E nos emocionemos, também, com a valentia do cantor James Labrie, ainda prejudicado na voz, mas vivo de alma:

-Throught My Words / Fatal Tragedy:
http://www.youtube.com/watch?v=XWuCdV5VWWU&feature=related

-The Spirit Carries On:
http://www.youtube.com/watch?v=avPdOAKl8w4&feature=related

-Finally Free:
http://www.youtube.com/watch?v=DM02oyWWxNY&NR=1

Bom proveito!

#45 - Ótimas Notícias!


Como todo carinha que toca um instrumento, eu também tive uma banda. Ela chamava-se Virthua e durou alguns poucos anos até desfazer-se no tempo.

Na época nosso cantor era Guilherme Rios, e sempre me espantou o talento inigualável que ele tinha, tanto como cantor como na criação de músicas, embora em nossa banda ele fosse muito tímido para mostrá-las.

Depois que a Virthua acabou, muito torci para que ele seguisse adiante, e no fundo sempre achei que alguém com suas características estivesse fadado ao sucesso. Pois bem, poucas coisas dão tanta alegria a alguém como ver um amigo sincero realizar-se.

É com muita felicidade que noticio a participação da banda Líris (cujo vocalista é o dito cujo) hoje (06/08) no Programa do Jô, da rede Globo.

Não tenho dúvidas de que estes rapazes tem tudo para dar um novo fôlego ao rock nacional. Ouçam algumas músicas no link abaixo (recomendo "Simples Assim" e "Vento", minhas preferidas):

www.myspace.com/bandaliris

Muita sorte e inspiração aos nossos amigos Guiba, Vitão, Mike, Peepo e Nico!