sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

#64 - Gênio e Louco (Redundância?)


Frequentemente, quando nos propomos a observar a vida dos grandes gênios musicais dos tempos passados, nos deparamos com descrições bastante intensas sobre comportamentos excêntricos, bizarros... o que nos faz concluir (em nosso costume de generalismo) que os compositores clássicos eram todos um bando de malucos.

Ainda assim, estes grandes mestres conseguiam fechar trajetórias razoáveis, de uma forma ou de outra. O que dizer então se nos deparássemos com um desses marcos da música que fosse oficialmente vestido em camisa-de-força? Bem, diríamos, esse deve ter realmente passado dos limites! (limites bem generosos quando o assusto é o espírito artístico, convenhamos).

Robert Alexander Schumann, pianista e um dos compositores alemães mais venerados da história, teve uma vida de grandes azares. Ainda assim, para compensar, as forças do destino lhe concederam a bênção de não ser solitário – característica comum de seus colegas. Em 1830, contando vinte anos de idade, juntou-se ao professor de piano Friedrich Wieck. Ao deparar-se com o talento de Schumann, Wieck escreveu a um parente do rapaz dizendo: “em três anos posso torná-lo o melhor pianista de toda a Europa”. E Schumann, ao deparar-se com a filha de Wieck, Clara, apaixonou-se imediatamente.

Clara tinha nove anos de idade, e demonstrava extremo talento ao piano. Wieck desejava transformar Schumann em um solista. Schumann desejava ser compositor. A vontade de Schumann prevalesceu não por rebeldia, mas pela ironia do destino: o rapaz, por si mesmo, treinou tanto e tão pesado que arruinou um dos dedos.

Quando Clara completou 16 anos, Schumann finalmente conseguiu realizar seu sonho de casar-se com ela, o que vinha sendo violentamente contestado por Wieck. A união tornou-se uma das maiores bênçãos na vida de Schumann, já que as talentosas interpretações de Clara para as composições pianísticas do marido alimentavam o ânimo de Schumann a direcionar seu gênio rumo a uma revolução na música.

Uma de suas obras destaca-se como sendo um resumo de toda a sua maestria, virtuosismo e inspiração. Trata-se do 3º Movimento de seu Concerto para Piano em Lá Menor. A riqueza de liberdade, de texturas, de tonalidades, criam nesta obra-prima um vitral musical luminoso e intrigante. É o tipo de música que certamente enriquece o ser humano que busca decifrá-la... Tentemos:

- Schumann, Piano Concerto em Lá Menor, 3º Movimento:
http://www.youtube.com/watch?v=mSt_AjvCo8s&feature=related

Esta matéria tem relação com o post #27:
http://barcamor.blogspot.com/2008/05/27-o-cavalheiro-solitrio.html

Bom proveito!

2 comentários:

Emanuel Campos disse...

Cara, há quanto tempo!!! Eu já estou casado, morando em outra residencia com minha senhora, estou falido como sempre, com trabalho como nunca e mesmo assim, sorrindo! Que alegria reencontrar seu blog e ver o mesmo com tanto esmero lapidado, com imagens exclusivas, fora dos templates padrões e, sem variações aí, com belos textos. Parabéns e saudades amigo!

Gustavo Barcamor disse...

Aê, Manuu!

To sabendo de sua vida de casado já. Quer dizer, só que você se casou. Não se preocupe, não sei de nenhum detalhe podre...

Fico muito contente com elogios de alguém como você: que no quesito blogueiro é cinco estrelas. Rsrsrs.. as imagens não são tãão exclusivas assim. Pode-se dizer que são exgooglesivas.

O.O

Muitas saudades! Paz! o/