segunda-feira, 7 de abril de 2008

#16 - O lado experimental dos Beatles


Os últimos meses do ano de 1966 foram o início de um marco na história do rock.

John Lennon entraria no estúdio, para encontrar seus companheiros de banda, com uma fita onde gravara algo que gostaria de mostrar. Começava aí a gravação da primeira música que integraria o histórico álbum “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band”.

John havia composto uma canção que falava sobre um orfanato em cujos campos costumava brincar quando criança. O lugar chamava-se “Strawberry Fields”, era mantido pelo Exército da Salvação e ficava bem próximo de onde Lennon morava.

A conclusão da gravação da música “Strawberry Fields Forever” não foi nada fácil. Dezenas de versões foram tentadas, e uma centena de takes experimentados. Foi então que Lennon pediu ao engenheiro de som George Martin que completasse a música juntando dois takes, que eram seus preferidos. Aparentemente seria uma tarefa comum de edição, mas havia um problema: os dois takes eram muitíssimo diferentes, inclusive na velocidade e tonalidade.

George informou a Lennon da impossibilidade da junção, mas o beatle apenas disse tranquilamente: “ah… eu sei que você pode dar um jeito nisso…” E George arranjou um jeito. Modificou a velocidade de um dos takes, de modo apenas a equiparar a tonalidade, e assim a canção foi concluída.

Strawberry Fields Forever” é sem dúvida uma música bastante apreciada, mas tenho a impressão de que não é tanto quanto poderia. Em opinião pessoal, não sei dizer quanto da integridade da idéia musical perdeu-se em meio ao experimentalismo instrumental que marcou não só a ela, mas todo o “Sgt. Pepper’s”.

Propondo esta reflexão, postarei não só o link para o original, mas também uma versão talvez mais “pura”, feita pelo competentíssimo Ben Harper, em trabalho que integrou a trilha sonora do comovente filme “I’m Sam” (“Uma Lição de Amor”). O filme conta a história de um homem com problemas mentais que acaba tendo acidentalmente uma filha, e vê-se diante da tarefa de cuidar dela praticamente sozinho. Toda a trilha do mesmo é composta por canções dos Beatles, e a diretora afirma que assim o quis pois ao entrevistar diversos doentes mentais, percebeu que praticamente todos eles tinham os Beatles como banda favorita.

Links:

- Strawberry Fields Forever (reparem a diferença brusca que ocorre em 1:00, onde provavelmente foi feita a junção dos takes)
http://www.youtube.com/watch?v=Ywg-PdeGVL0

- Versão de Ben Harper
http://www.youtube.com/watch?v=Lcn1-6eWR98
http://www.youtube.com/watch?v=uxMzYVZmGos (cena do filme com a música)

- Michelle (essa vai de lambuja, porque foi a primeira música dos Beatles que toquei, aos onze anos):
http://www.youtube.com/watch?v=_Xl8YtgDAKc

Bom proveito!


“Let me take you down, 'cause I'm going to Strawberry Fields.
Nothing is real and nothing to get hung about.
Strawberry Fields forever.
Living is easy with eyes closed, misunderstanding all you see.
It's getting hard to be someone but it all works out.
It doesn't matter much to me.
Let me take you down, 'cause I'm going to Strawberry Fields.
Nothing is real and nothing to get hung about.
Strawberry Fields forever.
No one I think is in my tree, I mean it must be high or low.
That is you can't you know tune in but it's all right.
That is I think it's not too bad.
Always no sometimes think it's me, but you know I know when it's a dream.
I think I know I mean "Yes," but it's all wrong.
That is I think I disagree.”

1 comentários:

Anônimo disse...

Caramba, são muito boas as matérias lançadas nesta página.

Parabéns, Gustavo.

Abraço,

Ádlei.